sábado, 21 de junho de 2014

Ah, o Outono...

Bem, ele começou meio distraído, disfarçado. 
A cada dia mais e mais ingênuo; até que um dia ele percebeu que assim não estava certo. 
Qual era sua tarefa? O que esperavam dele? 
Fazer as folhas caírem já não era o suficiente. 
Resolveu inovar, mas pegou todos de surpresa. 
Cansado de ver tantas pernas e braços de fora dentre a noite, quis chamar a atenção. 
Quis ventar, e ventou. 
Forte. 
Sacudiu tudo: folhas e flores, penas, e asas, pernas e saias, cabelos e barbas. 
Silenciou. 
Aproximou braços e abraços. E esquentou de dentro pra fora. 
Amor, carinho, cobertor, travesseiro. Filme, pipoca, preguiça. 
Ah, a preguiça! 
E o vento continuou, sacudiu; algumas vezes, até choveu. 
Nuvens fracas pelo céu se dispersaram. 
Ventou mais. 
E o sol? Frio, fraco. Tinha luz e energia mas se acanhou. 
Não era sua vez de aparecer. Sem egoismo, foi se escondendo dos olhares.
E o outono reinou, em seu estado pleno e absoluto. 
Outono das mudanças, de cair, reciclar. 
Transformou e amadureceu. 
Aprendeu seu lugar e não abriu mão. 
Ficou enquanto pôde e deixou saudade... ôh, saudade! 
Volte logo!
Brenda Monize

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